Tecido ósseo não é sinônimo de
osso. O tecido ósseo é um tecido conjuntivo caracterizado pela rigidez e dureza
e é o principal constituinte do esqueleto. Devemos lembrar que os ossos são
órgãos e são formados por vários tipos de tecidos. Os ossos protegem órgãos
vitais, servem de suporte para o corpo, protegem e alojam a medula óssea,
transforma contrações em movimentos e funcionam como depósitos de cálcio,
fosfato e outros íons. O tecido ósseo é formado por células e matriz extracelular,
sendo muitas das funções do tecido atreladas a matriz óssea. Os ossos também funcionam
como alavancas para os músculos esqueléticos fixados a eles, contribuindo no
processo de movimentação dos músculos (GARNET et al, 2007).
A matriz óssea é
composta por uma fração inorgânica que representa cerca de 50% do peso do peso
da matriz óssea e confere rigidez e resistência ao osso. A matriz inorgânica
contém em sua composição vários minerais, tais como íons fosfato, cálcio, bicarbonato,
magnésio, potássio, sódio e citrato. Os íons de bicarbonato, o magnésio, o potássio,
o sódio e citrato são encontrados em menor quantidade na matriz inorgânica. Em
contrapartida, os íons fosfato e íons de cálcio são encontrados em maior abundância
(GARNET et al, 2007; JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013).
Além dos componentes inorgânicos, a matriz óssea possui uma fração
orgânica que confere flexibilidade ao osso. A matriz orgânica é composta por
fibras colágenas (95%), constituídas de colágeno tipo I e por pequenas
quantidades de proteoglicanos e glicoproteínas. O tecido ósseo é considerado a
parte de maior resistência e sustentabilidade para a estrutura do corpo. A
junção dos cristais de hidroxiapatita com colágeno faz com que o tecido ósseo tenha
uma maior dureza e resistência. Devidos a descalcificação ou seja remoção de cálcio
do osso, ele se torna flexível, podendo até ser dobrado e mais mesmo assim não
perde sua forma original. Mas quando é retirada o componente orgânico do osso,
o esqueleto continua na sua forma original, porém mais frágil e quebradiço (GARNET
et al, 2007). Além da matriz óssea, no tecido ósseo encontramos três tipos
celulares bem característicos. São eles:
Osteoblastos –
São células com intensa atividade sintética responsáveis pela síntese a parte
orgânica (colágeno tipo I, proteoglicanos e glicoproteínas) da matriz óssea e
também participa da mineralização da matriz, através da capacidade de
concentrar cálcio e fosfato. São mais encontradas em ossos que estão em
formação, no período do crescimento ósseo ou nos processos de regeneração óssea
(Figura 1).
Osteócitos – São originados de osteoblastos em um estado pouco
ativo que foram aprisionados pela matriz recém-sintetizada. Morfologicamente
são células achatadas, que exibem pequena quantidade de retículo endoplasmático
rugoso, complexo de Golgi pouco desenvolvido e núcleo com cromatina condensada.
São encontrados em ossos já formados, tem uma pequena atividade na manutenção
dos componentes da matriz. Eles se encontram em lacunas dentro da matriz
extracelular (Figura 1).
Osteoclastos
- São células gigantes, multinucleadas, com inúmeras projeções e com
motilidade. Esse tipo celular é responsável pela reabsorção do tecido ósseo e é
de fundamental importância na remodelação óssea destruindo as áreas lesadas ou
envelhecidas da matriz óssea (Figura 1).
Figura
1.
Tipos celulares presente no tecido ósseo. Fonte: Adaptado de imagem extraída do
site www.brainly.con.br/tarefa/7835814.
Acessado em: 13 de Julho de 2018.
As superfícies interna
e externas dos ossos são recobertas por
tecido conjuntivo e células osteogênica que constituem o endósteo e o periósteo
respectivamente. As fibras de colágenos e fibroblastos se encontram na camada mais
superficial do periósteo. No periósteo apresentam-se células osteoprogenitoras
que se multiplicam através de mitose e são fundamentais no crescimento dos
ossos e reparação de fraturas (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013).
O endósteo é
formado por células osteogênicas, reveste a cavidade medular, osso esponjoso e canalículos.
O endósteo e o periósteo nutrem o tecido ósseo e fornece novos osteoblastos
para ajudar no crescimento e na recuperação óssea (Figura 2).
Figura
2. Representação
da localização das camadas periósteo e endósteo. Fonte: JUNQUEIRA; CARNEIRO,
2013.
Há dos tipos de tecido ósseo: primário (imaturo)
e secundário (maduro). Esses dois tipos se assemelham em relação aos
componentes celulares e a matriz óssea. O tecido primário aparece
primeiramente, e no desenvolvimento embrionário ou reparação de fraturas, ele é
temporário e substituído pelo tecido secundário. É formado por fibras de colágenos dispostas
irregularmente, minerais em menor quantidade e osteócitos em maior proporção. É
encontrado nas áreas de formação e reparo ósseo. Forma-se através de
ossificação intramembranosa e aparece devido à diferenciação de células de tecido
conjuntivo em osteoblastos. O tecido secundário possui fibras colágenas
dispostas em lamelas ou ficam paralelas umas as outras (JUNQUEIRA; CARNEIRO,
2013). Dispõe-se em camadas concêntricas ao redor de canais com vasos, formando
os canais de Havers ou Ósteons (Figura
3).
Figura
3.
Esquema que mostra parte de um sistema de Havers e dois osteócitos (esquerda).
Nas lamelas contíguas do sistema de Havers, as fibras colágenas são cortadas
segundo diferentes incidências, porque têm diferentes orientações (embora isso
não apareça claramente neste diagrama simplificado). Fonte: JUNQUEIRA;
CARNEIRO, 2013.
Existem dois tipos de processos pelo
qual o tecido ósseo pode se formar. O primeiro é conhecido como ossificação intramembranosa e ocorre quando o osso se forma diretamente
do mesênquima e é característico em ossos achatado e laminados (Figura 4). Este tipo de ossificação
ocorre no interior de membranas de tecido conjuntivo e o local inicial da
membrana onde ocorre a ossificação é conhecido como centro de ossificação
primária. O processo começa com a diferenciação de células-tronco
mesenquimais em osteoblastos que
sintetizam o osteoide (matriz orgânica ainda não mineralizada), que logo se
mineraliza e envolve alguns osteoblastos que irão se torna osteócitos. O outro
tipo ocorre a partir de um molde de cartilagem hialina já existente e conhecido
como ossificação endocondral , ou seja, o tecido cartilaginoso vai aos poucos
substituído por tecido ósseo ocorre nos
fetos e nas extremidades dos ossos longos (Figura
5). A ossificação endocondral tem sua gênese em um molde de cartilagem do
tipo hialina, com a hipertrofia de condrócitos, redução da matriz cartilaginosa
a finos tabiques e mineralização do tecido seguido de apoptose dos condrócitos.
Em seguida, as cavidades são invadidas por capilares sanguíneos e células
osteogênicas do tecido conjuntivo adjacente. As células osteogênicas irão se
diferenciar em osteoblastos, que irão secretar matriz óssea sobre os tabiques
de cartilagem calcificada (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013).
Figura 4. Representação
do processo de ossificação intramembranosa. Fonte: JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013.
Figura 5. Formação de um osso longo a
partir de um modelo cartilaginoso. Fonte: JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013.
Referências
GARNET, L.P. et al. Tratado de Histologia
em cores. Tradução: Thais Porto Amadeu. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
JUNQUEIRA L.C.;
CARNEIRO, J. Histologia Básica- texto e atlas. 12 . ed. Rio de
Janeiro: Guanabara
Koogan, 2013.
DELGADO, Leonardo.
‘’Anatomia Humana I‘’, Pólo de Barra do Corda/MA, 2010. Disponível em:
https://pt.slideshare.net/gagaufera/aula02-osteologia Acesso em: 19 abril 2018
GARTNER, Leslie P., HIATT, James L. Tratado de Histologia em
cores. 3 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. 576 p. JUNQUEIRA, Luiz Carlos,
CARNEIRO, José. Histologia Básica. 11 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2008. 524 p.
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