O sangue é um tipo de tecido conjuntivo
líquido que circula por todo o sistema vascular formado por células. Este
armazenado em um compartimento fechado, o aparelho circulatório, que o mantém
em movimento regular, em uma única direção, devido principalmente às contrações
rítmicas do coração. O mesmo exerce funções fundamentais no organismo dentre
elas: transportar oxigênio, nutrientes, hormônios, eletrólitos e água para as
células e remover excretas e gás carbônico das mesmas (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013;
COMARCK, 2001).
O sangue contém as hemácias (glóbulos
vermelhos) ou eritrócitos, os glóbulos brancos ou leucócitos e fragmentos
citoplasmáticos conhecidos como plaquetas sanguíneas; componentes que estão
livres e suspensos no plasma, à porção líquida do sangue (Figura 1). Apesar do sangue não produzir matriz extracelular é
considerado um tecido conjuntivo especial, porque suas células desenvolvem-se a
partir do mesênquima, tecido conjuntivo
do embrião (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013; COMARCK, 2001).
Figura
1.
Representação esquemática dos principais componentes do sangue. (Fonte: Enciclopédia
britânica Inc., 2006).
O plasma é uma solução aquosa constituída de substâncias de pequeno e elevado
peso molecular, que correspondem a 10% do seu volume. As proteínas plasmáticas
correspondem a 7% e os sais inorgânicos, a 0,9% o restante é formado por diversos
compostos orgânicos como: aminoácidos, vitaminas, hormônios e glicose. Seus
componentes de baixo peso molecular estão em equilíbrio, através das paredes
dos capilares e das vênulas, com o líquido intersticial dos tecidos. Por isso, a
composição do plasma é um indicador da composição do líquido extracelular (JUNQUEIRA;
CARNEIRO, 2013; TORTORA, Gerard et al. 2012).
As principais proteínas presentes no
plasma são: albumina, a mais
abundante entre elas, cujas funções são: reserva, equilíbrio osmótico e
transporte de algumas substâncias, produzida pelo fígado; fibrinogênio, relacionada ao processo de coagulação sanguínea, também produzida pelo
fígado; imunoglobulinas ou anticorpos,
relacionadas ao mecanismo de defesa corporal, produzidas pelos plasmócitos. O
termo soro é utilizado para designar
o plasma sem fibrinogênio. Nesse caso, o plasma perde a capacidade de
coagulação sanguínea, facilitando-lhe o armazenamento em bancos de sangue
(JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013; TORTORA, Gerard et al, 2012).
Os eritrócitos ou hemácias são as células
mais numerosas do sangue tendo a sua principal função o transporte de oxigênio e
gás carbônico (Figura 2). O
transporte dos gases é feito pela hemoglobina, por meio de ligações químicas. As
hemácias contêm a enzima anidrase carbônica, que acelera a reação da água com o
dióxido de carbono, para a eliminação pelos pulmões. A
hemoglobina também funciona como um sistema de tampão adicional no restabelecimento
do equilíbrio ácido-básico do organismo. As hemácias são células
anucleadas e tem a forma de um disco bicôncavo, com um excesso de membrana,
em relação ao conteúdo celular. A membrana em excesso
permite à hemácia alterar a sua forma na passagem pelos capilares, sem sofrer
distensão ou ruptura. A forma bicôncava da hemácia permite a existência de uma
grande superfície de difusão, em relação ao seu tamanho e volume. A hemácia
circulante anucleada, seu diâmetro médio é de aproximadamente 8 µ e a espessura
é de 2 µ na periferia e cerca de 1 µ na sua porção central. A quantidade de
hemácias no sangue varia com o sexo. No homem adulto normal, sua concentração é
de aproximadamente 5.200.000 por mililitro de sangue, enquanto na mulher normal
é de 4.800.000 (LAURALEE, S. Fisiologia,
2011; JUNQUEIRA L. C. et al, 2013).
Figura 2. Microscopia eletrônica de varredura de hemácias no interior de um vaso do tendão calcâneo de rato. Fonte: Imagem de autoria de Diego Pulzatto Cury e premiada no III concurso de imagens em Ciências da vida do Instituto de Ciências Biomédicas da USP.
Os leucócitos, também são chamados de glóbulos
brancos, são as principais células de defesa do organismo (Figura 3). Existem duas categorias de leucócitos: granulócitos e
agranulócitos (TONTORA; DERRICKSON, Anatomia,
2012). Os granulócitos têm núcleo de forma irregular e ao microscópio
eletrônico, mostram no citoplasma grânulos específicos que aparecem envoltos
por membrana, de acordo com a afinidade tintorial dos grânulos específicos,
distinguem-se três tipos: neutrófilos, eosinófilos e basófilos. O núcleo dos
agranulócitos tem forma mais regular e o citoplasma não tem granulações, há
dois tipos: os linfócitos e os monócitos (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013; COMARCK
D.H. 2003).
Figura 3.
Tipos de leucócitos. Fonte: Imagem obtida em www.nurselabs.com
em 14/07/2018.
Os neutrófilos são células de formato ameboide que agem contra bactérias através
de processos de fagocitose, são as células de defesa mais abundantes, são as
primeiras a chegar ao local da infecção. Durante sua atividade, neutrófilos e
bactérias em grande quantidade acabam morrendo, a mistura entre os dois forma o
pus; o leucócito morto já em decomposição é chamado de piócito. Os neutrófilos
ao se esgotarem, costumam se suicidar por autólise, quando rompem as suas
membranas lisossômicas. Estas enzimas se espalham nas áreas infectadas, matando
também um grande número de bactérias (TORTORA; et al. Anatomia, 2012; LAURALEE S. 2011).
Os eosinófilos são células com a função
de eliminação de parasitas, como protozoários e vermes. Tanto a proteína
catiônica quanto a proteína básica principal tem atividades antibacteriana e
antiparasitária. A peroxidase esta envolvida na geração de espécies reativas de
oxigênio, um mecanismo importante de defesa. No entanto, essas proteínas quando
liberadas são também capazes de promover dano tecidual (JUNQUEIRA; CARNEIRO,
2013; COMARCK D. H. 2003).
Os basófilos são células com a função de
produção e acúmulo de mediadores da inflamação, principalmente a histamina,
relacionada ao processo alérgico. São os leucócitos menos abundantes do sangue,
correspondem a cerca de 0,5 a 1% dos mesmos (TORTORA; DERRICKSON, 2012; GANTNER
et al. 2007).
Os monócitos são células que agem contra
bactérias através de processos de fagocitose. Tem a melhor capacidade fagocítica
do organismo; capazes de reconhecer o agente agressor e combatê-lo da melhor
maneira possível. Além disso, secretam quimiocinas que atraem outros
leucócitos. Correspondem cerca de 3 a 8% dos leucócitos do sangue (TORTORA;
DERRICKSON, 2012; JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013).
Os linfócitos são células esféricas com
núcleo grande ocupando quase todo o citoplasma. São dois os tipos, T e B. Os
linfócitos T e B estão presentes no sangue circulante em porcentagem que varia
de 20% a 30%. Originam-se de células indiferenciadas situadas na medula óssea e
no timo, passando por poucas fases intermediarias de amadurecimento, são
semelhantes morfologicamente, mas diferem funcionalmente. Aquelas que se
originam na medula óssea são denominadas linfócitos B e os que se formam no
timo linfócitos T, ou timo-dependentes. Os linfócitos T são encarregados da
função de imunidade celular, e os linfócitos B se encarregam da imunidade
humoral, ou seja, são produtores de anticorpos. Essas células compõem o sistema
imune, atuando na resposta á invasão do organismo por agentes estranhos, ou
antígenos invasores (LORENZI T. Hematologia,
2006; TORTORA et al. 2007; JUNQUEIRA et al. 2013).
Por
último temos as plaquetas, que são
fragmentos de células gigantes, os megacariócitos, formam-se na medula óssea (Figura 4). Elas mostram o formato de
discos diminutos arredondados, e na realidade, não representam células e sim
corpúsculos celulares. Os megacariócitos têm partículas em plaquetas, que são
liberadas na circulação sanguínea. As plaquetas são anucleadas; seu diâmetro
médio é de 1,5 µm e a espessura varia de 0,5 a 1 µm. As plaquetas são de grande
importância nos processos de homeostasia e coagulação do sangue. Durante a
lesão do endotélio de um vaso sanguíneo, as plaquetas são impulsionadas a
aderir ao local da lesão e ligam-se umas às outras. Ao mesmo tempo liberam
substâncias que ativam outras plaquetas possibilitando a formação de grumos
plaquetários, que bloqueiam o local da lesão do vaso e, em última análise,
possibilita a interrupção da perda sanguínea. Essa é a principal função das
plaquetas no fenômeno de hemostasia. Além disso, as plaquetas participam
ativamente da cascata da coagulação do sangue, liberando várias proteínas e
lipoproteínas que ativam alguns fatores de coagulação (JUNQUEIRA; CARNEIRO).
Figura
6. Megarócito. Fonte: biomedicinapadrao.com.br.
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Figura 4.
Megacariócito sofrendo brotamento e dando origem as plaquetas. Fonte: Desconhecida.
REFERÊNCIAS
REVISTA
ÉPOCA
–
Edição 214, 24 de junho de 2002. Americanos
encontram células adultas que dão origem a qualquer outra. Disponível em: Link:
http://epoca.globo.com/nd/20020623ct_e.htm
VIGORITO,
AC; SOUZA, CA. Transplante de
células-tronco hematopoéticas e a regeneração
da hematopoese. Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia. v.2009.
TORTORA,
Gerard J.; DERRICKSON.
Corpo humano: fundamentos de anatomia e fisiologia. 8 ed. Porto, 2012.
JUNQUEIRA,
L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica:
Texto & Atlas. Ed. Guanabara Koogan, 2013.
CORMACK,
David H. Fundamentos de Histologia:
2 edição. Ed. Guanabara Koogan, 2001.
THEREZINHA,
Ferreira. L. Atlas de Hematologia:
Clínica hematológica ilustrada. Ed. Guanabara Koogan, 2006.
GANTNER,
Leslie P.; HIATT. Tratado de Histologia
em cores: tradução 3 edição. Ed. Elsevier 2007.
JUNQUEIRA,
L. C.: CARNEIRO, J. Biologia celular e
molecular. Ed. Saraiva, 8 edição, 2005.
E-book:
AUGUSTO, S. Rodrigo; Anatomia básica:
Morfologia funcional perda de sangue. Medbook LTDA.
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