O tecido epitelial glandular é originado
a partir de células epiteliais de revestimento. Estas deixam a superfície à
medida que proliferam e migram para o tecido conjuntivo subjacente, produzindo
uma lâmina basal associada durante essa migração. À medida que as células
epiteliais se aprofundam no tecido conjuntivo, diferenciam-se e se associam em
unidades secretoras ou porções secretoras glandulares. As unidades secretoras,
juntamente com seus ductos associados, formam o parênquima da glândula,
enquanto os elementos do tecido conjuntivo que sustentam o parênquima formam o
estroma da glândula (GARTNER et al., 2007; OVALLE; NAHIRNEY; NETTER,
2014).
Figura 1. Representação
da formação de glândulas a partir de epitélios de revestimento. Fonte: JUNQUEIRA;
CARNEIRO, 2013.
No
tecido glandular, as células são especializadas para a síntese, armazenamento e
eliminação de substâncias, isto é, para desempenhar atividade secretora. As
células epiteliais glandulares sintetizam seus produtos de secreção no retículo
endoplasmático e os produtos são acondicionados em vesículas que são revestidas
de acordo com o tecido em que estão inseridas (STANDRING, 2010; JUNQUEIRA;
CARNEIRO, 2013; GARTNER et al., 2007).
O produto de secreção pode ser um
hormônio polipeptídico (p. ex., produzido pela glândula hipófise); uma
substância oleosa (p. ex., produzido pelas glândulas ceruminosas do meato
acústico externo); proteínas (p. ex., produzido pelo pâncreas); lipídios (p.
ex., produzido pelas glândulas adrenal e sebácea); complexos de carboidrato e
proteínas (p. ex., produzido pelas glândulas salivares); ou o leite, uma
combinação de proteínas, lipídios e carboidratos produzidos pelas glândulas
mamárias (STANDRING, 2010; JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013; GARTNER et al., 2007).
As glândulas são classificadas como endócrinas ou exócrinas, tendo
como
base o método de distribuição de seus produtos de secreção (GARTNER et al.,
2007).
Glândulas exócrinas liberam
suas secreções através de ductos sobre uma superfície que pode ser a pele ou o
lúmen de um órgão oco. Elas são classificadas pelo tipo de secreção liberada,
pela estrutura da glândula e pelo modo de secreção. As glândulas exócrinas, que
podem ser tanto unicelulares como multicelulares, secretam substâncias como o
suor, que ajuda a diminuir a temperatura da pele, além de gordura, cerume,
saliva ou enzimas digestivas (STANDRING, 2010; GARTNER et al., 2007;
TORTORA; DERRICKSON, 2016).
Figura
2.
Exemplo de glândula exócrina. Fonte: TORTORA; DERRICKSON, 2016.
As
glândulas exócrinas podem ser categorizadas de acordo com a natureza da
secreção produzida:
Glândulas
serosas
secretam uma solução aquosa que geralmente contém enzimas, como a amilase
salivar (na saliva).
Glândulas mucosas
secretam glicoproteínas denominadas mucinas que absorvem água para formar um
muco viscoso, como o muco da saliva.
Glândulas mistas
também chamadas de glândulas anfícrinas contêm mais de um tipo de célula
glandular e podem produzir dois tipos diferentes de secreções exócrinas: serosa
e mucosa. (p. ex. glândula salivar submandibular) (MARTINI, TIMMONS;
TALLITSCH, 2009; GARTNER et al., 2007).
Figura 3. Exemplo de glândula salivar
submandibular que é uma glândula mista contendo células que produzem secreções,
tanto serosa quanto mucosa. Fonte: MARTINI, TIMMONS; TALLITSCH, 2009.
Glândulas endócrinas são
glândulas que não possuem ductos, pois perdem suas conexões com o epitélio de
origem, liberam suas secreções diretamente no líquido intersticial, e daí para
o sistema circulatório. Essas secreções, são chamadas de hormônios, e
espalham-se para o sangue para serem distribuídas a outras regiões do corpo,
onde regulam ou coordenam as atividades de vários tecidos, órgãos ou sistemas
de órgãos para a manutenção da homeostasia. As principais glândulas endócrinas
do corpo incluem as suprarrenais (ou adrenais), a hipófise, a tireoide, as
paratireoides e a glândula pineal (ou epífise), além dos ovários na cavidade
pélvica, os testículos no escroto e o timo na cavidade torácica (STANDRING,
2010; GARTNER et al., 2007; TORTORA; DERRICKSON, 2016). Além das glândulas estritamente
epiteliais, alguns tecidos derivados do sistema nervoso, incluindo a medula
suprarrenal e a neuro-hipófise, são neurossecretórios. (STANDRING, 2010)
Figura 4. Exemplo de
Glândula Endócrina. Fonte: TORTORA; DERRICKSON, 2016
.
As
glândulas podem dispor de três métodos para liberação de suas secreções:
merócrina, apócrina ou holócrina.
Nas
glândulas merócrinas (p. ex., o
pâncreas, a glândula salivar parótida) a secreção acumulada em grãos de
secreção é liberada pela célula por meio de exocitose, sem perda de outro
material celular (MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009; JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013;
GARTNER et al., 2007).
Nas glândulas holócrinas (p. ex., as glândulas sebáceas) o produto de secreção é
eliminado juntamente com toda a célula, este método envolve a destruição das
células repletas de secreção. A continuidade do processo de secreção envolve a
substituição dessas células por divisão mitótica de células-tronco subjacentes (MARTINI;
TIMMONS; TALLITSCH, 2009; JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013).
Um tipo intermediário é a secreção apócrina, encontrada na glândula
mamária, em que o produto de secreção é liberado junto com pequenas porções do
citoplasma apical (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013).
Figura
5. Mecanismos
de secreção glandular. (a) secreção merócrina, (b) secreção apócrina, (c) secreção
holócrina. Fonte: MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009.
Por último as glândulas podem ser classificadas com base no número
de células (unicelulares ou multicelulares). Como o nome indica, as glândulas unicelulares são glândulas formadas por
uma única célula. Esse tipo de glândula secreta
mucina. Existem dois tipos de glândulas unicelulares, células caliciformes e
células mucosas, que são encontradas dispersas entre outras células
epiteliais. Por exemplo, células mucosas são encontradas no epitélio colunar
pseudoestratificado ciliado que reveste a traqueia, enquanto o epitélio colunar
dos intestinos grosso e delgado contém células caliciformes em abundância.
A maior parte das glândulas
exócrinas são glândulas multicelulares,
compostas por muitas células secretoras arranjadas em vários graus de
organização. Estas células secretoras não atuam sozinhas e de forma
independente, mas funcionam como órgãos secretores. Exemplos incluem as
glândulas sudoríparas ou sudoríferas (suor), sebáceas (gordura) e salivares. As glândulas exócrinas
multicelulares mais simples são denominadas lâminas secretoras.
Em uma lâmina secretora, células glandulares predominam no epitélio e liberam
suas secreções em um compartimento interno. As células secretoras de muco que
revestem o estômago são um exemplo de lâmina secretora (GARTNER et al., 2007; TORTORA;
DERRICKSON, 2016; MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009)
As glândulas multicelulares
são classificadas de acordo com dois critérios:
(1)
Se seus ductos são ramificados ou não ramificados: se o ducto da glândula não
se ramifica, ela é uma glândula simples. Se o ducto se ramifica, ela é uma
glândula composta e ele se ramifica repetidas vezes.
(2) Pelo formato das porções secretórias
da glândula: quando são constituídas por células organizadas em tubos são
denominadas tubulares; já as constituídas por células agrupadas em bolsas em
fundo cego são denominadas alveolares ou acinares. Glândulas que apresentam
ambas as organizações combinadas são denominadas tubuloalveolares ou
tubuloacinares (MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009; TORTORA; DERRICKSON, 2016).
Figura
6.
A classificação estrutural das glândulas exócrinas multicelulares é baseada no
padrão de ramificação do ducto e no formato da porção secretória. Fonte: MARTINI;
TIMMONS; TALLITSCH, 2009; TORTORA; DERRICKSON, 2016.
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- STANDRING, Susan (Ed.). Gray´s Anatomia. 40. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. 1584 p. Tradução: Denise Costa Rodrigues. et. al.
- TORTORA, Gerard J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de anatomia e fisiologia. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. 1600p. Tradução: Ana Cavalcanti C. Botelho [et al.].
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