quinta-feira, 19 de abril de 2018

Tecido Epitelial Glandular


O tecido epitelial glandular é originado a partir de células epiteliais de revestimento. Estas deixam a superfície à medida que proliferam e migram para o tecido conjuntivo subjacente, produzindo uma lâmina basal associada durante essa migração. À medida que as células epiteliais se aprofundam no tecido conjuntivo, diferenciam-se e se associam em unidades secretoras ou porções secretoras glandulares. As unidades secretoras, juntamente com seus ductos associados, formam o parênquima da glândula, enquanto os elementos do tecido conjuntivo que sustentam o parênquima formam o estroma da glândula (GARTNER et al., 2007; OVALLE; NAHIRNEY; NETTER, 2014).

Figura 1. Representação da formação de glândulas a partir de epitélios de revestimento. Fonte: JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013.

No tecido glandular, as células são especializadas para a síntese, armazenamento e eliminação de substâncias, isto é, para desempenhar atividade secretora. As células epiteliais glandulares sintetizam seus produtos de secreção no retículo endoplasmático e os produtos são acondicionados em vesículas que são revestidas de acordo com o tecido em que estão inseridas (STANDRING, 2010; JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013; GARTNER et al., 2007).
O produto de secreção pode ser um hormônio polipeptídico (p. ex., produzido pela glândula hipófise); uma substância oleosa (p. ex., produzido pelas glândulas ceruminosas do meato acústico externo); proteínas (p. ex., produzido pelo pâncreas); lipídios (p. ex., produzido pelas glândulas adrenal e sebácea); complexos de carboidrato e proteínas (p. ex., produzido pelas glândulas salivares); ou o leite, uma combinação de proteínas, lipídios e carboidratos produzidos pelas glândulas mamárias (STANDRING, 2010; JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013; GARTNER et al., 2007).

As glândulas são classificadas como endócrinas ou exócrinas, tendo como base o método de distribuição de seus produtos de secreção (GARTNER et al., 2007).

Glândulas exócrinas liberam suas secreções através de ductos sobre uma superfície que pode ser a pele ou o lúmen de um órgão oco. Elas são classificadas pelo tipo de secreção liberada, pela estrutura da glândula e pelo modo de secreção. As glândulas exócrinas, que podem ser tanto unicelulares como multicelulares, secretam substâncias como o suor, que ajuda a diminuir a temperatura da pele, além de gordura, cerume, saliva ou enzimas digestivas (STANDRING, 2010; GARTNER et al., 2007; TORTORA;  DERRICKSON, 2016).

Figura 2. Exemplo de glândula exócrina. Fonte: TORTORA; DERRICKSON, 2016.

As glândulas exócrinas podem ser categorizadas de acordo com a natureza da secreção produzida:
Glândulas serosas secretam uma solução aquosa que geralmente contém enzimas, como a amilase salivar (na saliva).
Glândulas mucosas secretam glicoproteínas denominadas mucinas que absorvem água para formar um muco viscoso, como o muco da saliva.
Glândulas mistas também chamadas de glândulas anfícrinas contêm mais de um tipo de célula glandular e podem produzir dois tipos diferentes de secreções exócrinas: serosa e mucosa. (p. ex. glândula salivar submandibular) (MARTINI, TIMMONS; TALLITSCH, 2009; GARTNER et al., 2007).

Figura 3. Exemplo de glândula salivar submandibular que é uma glândula mista contendo células que produzem secreções, tanto serosa quanto mucosa. Fonte: MARTINI, TIMMONS; TALLITSCH, 2009.

Glândulas endócrinas são glândulas que não possuem ductos, pois perdem suas conexões com o epitélio de origem, liberam suas secreções diretamente no líquido intersticial, e daí para o sistema circulatório. Essas secreções, são chamadas de hormônios, e espalham-se para o sangue para serem distribuídas a outras regiões do corpo, onde regulam ou coordenam as atividades de vários tecidos, órgãos ou sistemas de órgãos para a manutenção da homeostasia. As principais glândulas endócrinas do corpo incluem as suprarrenais (ou adrenais), a hipófise, a tireoide, as paratireoides e a glândula pineal (ou epífise), além dos ovários na cavidade pélvica, os testículos no escroto e o timo na cavidade torácica (STANDRING, 2010; GARTNER et al., 2007; TORTORA; DERRICKSON, 2016). Além das glândulas estritamente epiteliais, alguns tecidos derivados do sistema nervoso, incluindo a medula suprarrenal e a neuro-hipófise, são neurossecretórios. (STANDRING, 2010)

Figura 4. Exemplo de Glândula Endócrina. Fonte: TORTORA; DERRICKSON, 2016
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As glândulas podem dispor de três métodos para liberação de suas secreções: merócrina, apócrina ou holócrina.
Nas glândulas merócrinas (p. ex., o pâncreas, a glândula salivar parótida) a secreção acumulada em grãos de secreção é liberada pela célula por meio de exocitose, sem perda de outro material celular (MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009; JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013; GARTNER et al., 2007).
Nas glândulas holócrinas (p. ex., as glândulas sebáceas) o produto de secreção é eliminado juntamente com toda a célula, este método envolve a destruição das células repletas de secreção. A continuidade do processo de secreção envolve a substituição dessas células por divisão mitótica de células-tronco subjacentes (MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009; JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013).
Um tipo intermediário é a secreção apócrina, encontrada na glândula mamária, em que o produto de secreção é liberado junto com pequenas porções do citoplasma apical (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013).

Figura 5. Mecanismos de secreção glandular. (a) secreção merócrina, (b) secreção apócrina, (c) secreção holócrina. Fonte: MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009.

Por último as glândulas podem ser classificadas com base no número de células (unicelulares ou multicelulares). Como o nome indica, as glândulas unicelulares são glândulas formadas por uma única célula. Esse tipo de glândula secreta mucina. Existem dois tipos de glândulas unicelulares, células caliciformes e células mucosas, que são encontradas dispersas entre outras células epiteliais. Por exemplo, células mucosas são encontradas no epitélio colunar pseudoestratificado ciliado que reveste a traqueia, enquanto o epitélio colunar dos intestinos grosso e delgado contém células caliciformes em abundância.
A maior parte das glândulas exócrinas são glândulas multicelulares, compostas por muitas células secretoras arranjadas em vários graus de organização. Estas células secretoras não atuam sozinhas e de forma independente, mas funcionam como órgãos secretores. Exemplos incluem as glândulas sudoríparas ou sudoríferas (suor), sebáceas (gordura) e salivares. As glândulas exócrinas multicelulares mais simples são denominadas lâminas secretoras. Em uma lâmina secretora, células glandulares predominam no epitélio e liberam suas secreções em um compartimento interno. As células secretoras de muco que revestem o estômago são um exemplo de lâmina secretora (GARTNER et al., 2007; TORTORA; DERRICKSON, 2016; MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009)
As glândulas multicelulares são classificadas de acordo com dois critérios:
(1) Se seus ductos são ramificados ou não ramificados: se o ducto da glândula não se ramifica, ela é uma glândula simples. Se o ducto se ramifica, ela é uma glândula composta e ele se ramifica repetidas vezes.

(2) Pelo formato das porções secretórias da glândula: quando são constituídas por células organizadas em tubos são denominadas tubulares; já as constituídas por células agrupadas em bolsas em fundo cego são denominadas alveolares ou acinares. Glândulas que apresentam ambas as organizações combinadas são denominadas tubuloalveolares ou tubuloacinares (MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009; TORTORA; DERRICKSON, 2016).


Figura 6. A classificação estrutural das glândulas exócrinas multicelulares é baseada no padrão de ramificação do ducto e no formato da porção secretória. Fonte: MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009; TORTORA; DERRICKSON, 2016.


 Referências

  1. Andrade JS, Mangussi-Gomes J, Rocha LA, Ohe MN, Rosano M, Neves MC, et al. Localization of ectopic and supernumerary parathyroid glands in patients with secondary and tertiary hyperparathyroidism: Surgical description and correlation with preoperative ultrasonography and Tc99m-Sestamibi scintigraphy. Braz J Otorhinolaryngol. 2014. v. 80, n. 1, p.29-34.
  2. CAMILLO, Christina da Silva. [et al.]. Caderno de Histologia: Texto e Atlas. Natal, RN: EDUFRN, 2017. 118 p. [E-book]. Disponível em: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/23256?locale=en. Acessado em: 27 Mar. 2018.
  3. GARTNER, L.P. et al. Tratado de Histologia em Cores. Tradução: Thaís Porto Amadeu. Rio de Janeiro: 3. ed. Guanabara Koogan, 2007. 1308p.
  4. JUNQUEIRA, L.C.; CARNEIRO, J. Histologia Básica – texto e atlas.
  5. 12. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013, 556p.
  6. MARTINI, Frederic H.; TIMMONS, Michael J.; TALLITSCH, Robert B. Anatomia Humana. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. 904 p. Tradução: Daniella Franco Curcio.
  7. OVALLE, William K.; NAHIRNEY, Patrick C.; NETTER, Frank Henry. Netter bases da histologia. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. 536p.
  8. SOUZA, Daniel Santos; MEDRADO, Leandro; GITIRANA, Lycia de Brito. Histologia. In: MOLINARO, Etelcia; CAPUTO, Luzia; AMENDOREIRA, Regina (Org.). Conceitos e Métodos para a Formação de Profissionais em Laboratórios de Saúde: Volume 2. Rio de Janeiro: EPSJV; IOC, 2010. p. 43-88. E-book. Disponível em: <http://www.epsjv.fiocruz.br/sites/default/files/capitulo_2_vol2.pdf>. Acesso em: 27 mar. 2018.
  9. STANDRING, Susan (Ed.). Gray´s Anatomia. 40. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. 1584 p. Tradução: Denise Costa Rodrigues. et. al.
  10. TORTORA, Gerard J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de anatomia e fisiologia. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. 1600p. Tradução: Ana Cavalcanti C. Botelho [et al.].



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