segunda-feira, 16 de julho de 2018

Tecido epitelial de revestimento




O tecido epitelial é um dos quatros tipos básicos de tecidos do nosso corpo juntamente com os tecidos: conjuntivo, muscular e nervoso. O mesmo desempenha inúmeras funções no organismo sendo as principais de revestimento das superfícies internas e externas dos órgãos ou do corpo como o todo e de secreção (JUNQUEIRA; CARNEIRO. 2013).

O tecido epitelial tem como características células poliédricas justapostas (ou seja, muito unidas, com pouca matriz extracelular) com uma alta capacidade regenerativa. Este tecido é avascular, sendo sua nutrição feita através de difusão dos nutrientes pelo tecido conjuntivo subjacente. Ele também é responsável pelo revestimento e proteção das superfícies internas e externas dos órgãos e age no processo de absorção do intestino, desempenha de secreção e excreção nas glândulas. Existem tipos especiais de epitélio como os dos órgãos sensoriais que tem uma função de sensor e função germinativa como o epitélio dos testículos. (OVALLE; NAHIRNEY; NETTER, 2014).

Entre as células epiteliais e o tecido conjuntivo adjacente há uma delgada lâmina de moléculas chamada de lâmina basal. Está lâmina só é visível ao microscópio eletrônico e é constituída de colágeno tipo IV e glicoproteínas (Figura 1). Exercer importantes funções como: promover adesão das células do epitélio ao tecido conjuntivo subjacente; influenciar a polaridade das células; regulação de proliferação e diferenciação celular; influenciar o metabolismo celular e servir de caminho e suporte para migração de células (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013).



Figura 1. Corte histológico de tecido epitelial estratificado corado com PAS, evidenciando a membrana basal. Fonte: Imagem obtida de www.dermatopatologia.com. Acessado em 18/07/2018.           
                                     
O tecido epitelial pode ser classificado de acordo com o número de camadas de células, com base no formato da camada mais externa de células ou em relação a sua função (Figura 2). Com base no número de camadas de células, o tecido epitelial com uma única camada é conhecido como tecido epitelial simples e com duas ou mais camadas é conhecido como tecido epitelial estratificado. Existe ainda o tecido epitelial pseudoestratificado que é formado por uma única camada de células, contudo os núcleos das células são vistos em diferentes alturas do epitélio passando uma falsa impressão de múltiplas camadas (OVALLE; NAHIRNEY; NETTER, 2014).
.

O outro tipo de classificação envolve o formato das células ou o formato da camada de células mais externas do tecido epitelial estratificado. Com base no formato, o tecido epitelial simples pode ser classificado em:

            Pavimentoso: As células apresentam-se achatadas e são encontradas no mesotélio, revestindo as cavidades do corpo, como por exemplo, a cavidade pleural, e também recobrindo as vísceras, e no endotélio dos vasos linfáticos e sanguíneos.

Cúbico: As células caracterizam-se pelo formato de cubo. Esse epitélio reveste externamente o ovário.  

Prismático: São células altas e retangulares que são encontradas no revestimento do intestino delgado.

Já o epitélio estratificado apresenta um arranjo tecidual com varias camadas de células e pode ser classificado em:
Estratificado Pavimentoso: Sendo dividido em queratinizado no caso da pele onde a superfície é seca, e não queratinizado que reveste cavidades úmidas, por exemplo, a boca, esôfago e vagina.

Estratificado Prismático: Presente em poucas regiões do corpo humano, como na conjuntiva ocular.

Estratificado cúbico: Presente em curtos trechos do ducto excretor de glândulas.

Estratificado de Transição: Tem a camada mais superficial formada por células globosas, nem pavimentosas nem prismáticas. Esse epitélio reveste a bexiga urinária, o ureter e parte superior da uretra, o formato das suas células mudo conforme a distensão da bexiga, podendo deixar as células achatadas quando a bexiga estiver cheia.  


Figura 2. Tipos de epitélio de revestimento. Fonte: Imagem obtida de www.todamateria.com.br/tecido-epitelial. Acessado em 15 de Junho de 2018.

Por último os epitélios podem ser classificados com base na função em:

Epitélio de revestimento: Responsável por revestir o corpo externamente que é o caso da pele, bem como órgãos e algumas cavidades corporais. Atua protegendo o corpo contra a entrada de organismos patogênicos e evita perda excessiva de água (GARTNER et al., 2007).  

Epitélio glandular: É o tecido epitelial responsável pela síntese de substâncias. Pode ser classificado em: glândulas exócrinas, endócrinas e mistas. As glândulas exócrinas apresentam ductos excretores que lançam sua secreção para fora do corpo ou para o interior de cavidades de órgãos, como: glândulas sudoríparas e lacrimais. Já as glândulas endócrinas lançam sua secreção no sangue e não possuem ductos excretores, como: glândula da tireoide.  Esse último tipo de glândula é responsável pela produção de hormônios. As glândulas ditas mistas apresentam regiões endócrinas e exócrinas ao mesmo tempo (GARTNER et al., 2007).

Referências: 

GARTNER, L.P. et al. Tratado de Histologia em Cores. Tradução: Thaís Porto Amadeu. Rio de Janeiro: 3. ed. Guanabara Koogan, 2007. 1308p.

JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica: Texto & Atlas. Ed. Guanabara Koogan, 2013.

OVALLE, William K.; NAHIRNEY, Patrick C.; NETTER, Frank Henry. Netter bases da histologia. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. 536p.









domingo, 15 de julho de 2018

Tecido Cartilaginoso



A cartilagem ou tecido cartilaginoso é um tipo de tecido conjuntivo de consistência rígida, mas flexível e elástico. Esse tipo de tecido não possui vasos sanguíneos, vasos linfáticos ou nervos. Por isso, é considerado um tecido avascular. (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013).

      É originado do tecido embrionário mesoderme. Durante suas fases de transformação, a mesoderme origina uma espécie de tecido conjuntivo primitivo chamado mesênquima. A partir do mesênquima, passam a se formar todos os tecidos conjuntivos (conectivo, adiposo, cartilaginoso, ósseo e hematopoiético), bem como os tecidos musculares. No tecido cartilaginoso, as células que se formam tem citoplasma basófilo e são denominados condroblastos. (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013). 

        O tecido cartilaginoso apresenta uma coloração esbranquiçada ou cinzenta. É encontrado em várias partes do corpo humano, como: nariz, traqueia, laringe, orelhas, cotovelos, joelhos, tornozelos, dentre outras. Pelo fato da cartilagem ser um tecido avascular, a nutrição das células cartilaginosas é realizada por meio dos vasos sanguíneos do tecido conjuntivo adjacente, o pericôndrio, através de difusão (Figura 1). (GANTNER, 2007).

              


Figura 1. Representação esquemática de um tecido cartilaginoso. Fonte: Imagem obtida de http://odontolove007.blogspot.com.br/2014/04/. Acessado em 25 de Maio de 2017.

Esse tecido desempenha importantes funções, como: suporte de tecidos moles, revestimento de superfícies articulares, ajuda no deslizamento dos ossos na articulações e é essencial no processo de ossificação endocondral, que é fundamental para o crescimento de ossos longos (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013). Em relação a sua constituição, o tecido cartilaginoso é constituído de fibras proteicas elásticas e colágenas. Sua matriz extracelular é abundante e rica em proteínas associadas a um glicídio (glicosaminoglicanas), que confere a consistência firme e flexível ao tecido. As células cartilaginosas ficam imersas na matriz. pericôndrio (Peri, ao redor e condros, cartilagem) é o tecido conjuntivo que envolve a cartilagem (CHAKRABARTI; PARK, 1980).
Por possuir vasos sanguíneos, o pericôndrio também auxilia na obtenção e absorção dos nutrientes carreados pelo sangue. Eles são recebidos pela matriz e distribuídos entre as células cartilaginosas. (PERKA et al., 2000).               

Há dois tipos de células nas cartilagens: os condroblastos (do grego chondros, cartilagem, e blastos, “célula jovem”), que produzem as fibras colágenas e a matriz, com consistência de borracha (Figura 2). Após a formação da cartilagem, a atividade dos condroblastos diminui e eles sofrem uma pequena retração de volume, quando passam a ser chamados de condrócitos (do grego chondros, cartilagem, e kytos, célula). Cada condrócito fica encerrado no interior de uma lacuna ligeiramente maior do que ele, moldada durante a deposição da matriz intercelular (PERKA et al., 2000).

     


Figura 2. Esquema de transição entre pericôndrio e a cartilagem hialina. À medida que se diferenciam em condrócitos, as células alongadas do pericôndrio tornam-se globosas e sua superfície irregular. A matriz de cartilagem contém fibrilas colágenas muito finas (colágeno tipo II), exceto em volta dos condrócitos, onde a matriz consiste principalmente em proteoglicanos; esta região na periferia dos condrócitos é a matriz capsular. Fonte: JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013.

 



Existem três tipos de cartilagem:
Cartilagem hialina:É formada por fibras de colágeno tipo II, sendo a cartilagem de revestimento ósseo mais abundante do corpo humano. É muito resistente e encontrada na traqueia, na laringe e no septo nasal. A fresco possui uma coloração branco-azulada e translúcida. A cartilagem hialina forma o primeiro esqueleto do embrião que posteriormente é substituído por um esqueleto ósseo.

Cartilagem elástica: Cartilagem leve e flexível que apresenta grande quantidade de fibras elásticas (elastina) e baixa quantidade de colágeno. É encontrada nos ouvidos, epiglote e laringe. Como a cartilagem hialina, a elástica possui pericôndrio e tem o seu crescimento por aposição. Ela é menos sujeita a processos degenerativos quando comparado com a hialina. 

Cartilagem fibrosa: Também chamada de fibrocartilagem, apresenta grande quantidade de colágeno I e não possui pericôndrio. É encontrada na mandíbula, coluna vertebral (entre as vértebras nos discos intervertebrais), menisco (joelho) e na articulação do púbis. Na fibrocartilagem não existe pericôndrio.



     


Figura 3. Representação esquemática e fotomicrografia de corte de cartilagem hialina, cartilagem elástica e fibrocartilagem respectivamente. Fonte: Desconhecida. 

Referências:


CHAKRABARTI, B.; PARK, J. K. Glycosaminoglycans: Structure and interaction. CRC Crit Rev Biochem. v. 8, p. 225, 1980. 

GANTNER, Leslie P.; HIATT. Tratado de Histologia em cores: tradução 3 edição. Ed. Elsevier 2007. 

JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica: Texto & Atlas. Ed. Guanabara Koogan, 2013. 

PERKA C. et al. Matrix-mixed culture: new methodology for chondrocyte culture and preparation of cartilage transplants. J Biomed Mater Res. v.49, p. 305, 2000.




sábado, 14 de julho de 2018

Sangue



O sangue é um tipo de tecido conjuntivo líquido que circula por todo o sistema vascular formado por células. Este armazenado em um compartimento fechado, o aparelho circulatório, que o mantém em movimento regular, em uma única direção, devido principalmente às contrações rítmicas do coração. O mesmo exerce funções fundamentais no organismo dentre elas: transportar oxigênio, nutrientes, hormônios, eletrólitos e água para as células e remover excretas e gás carbônico das mesmas (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013; COMARCK, 2001).

O sangue contém as hemácias (glóbulos vermelhos) ou eritrócitos, os glóbulos brancos ou leucócitos e fragmentos citoplasmáticos conhecidos como plaquetas sanguíneas; componentes que estão livres e suspensos no plasma, à porção líquida do sangue (Figura 1). Apesar do sangue não produzir matriz extracelular é considerado um tecido conjuntivo especial, porque suas células desenvolvem-se a partir do mesênquima, tecido conjuntivo do embrião (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013; COMARCK, 2001).


Figura 1. Representação esquemática dos principais componentes do sangue. (Fonte: Enciclopédia britânica Inc., 2006).

O plasma é uma solução aquosa constituída de substâncias de pequeno e elevado peso molecular, que correspondem a 10% do seu volume. As proteínas plasmáticas correspondem a 7% e os sais inorgânicos, a 0,9% o restante é formado por diversos compostos orgânicos como: aminoácidos, vitaminas, hormônios e glicose. Seus componentes de baixo peso molecular estão em equilíbrio, através das paredes dos capilares e das vênulas, com o líquido intersticial dos tecidos. Por isso, a composição do plasma é um indicador da composição do líquido extracelular (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013; TORTORA, Gerard et al. 2012).

As principais proteínas presentes no plasma são: albumina, a mais abundante entre elas, cujas funções são: reserva, equilíbrio osmótico e transporte de algumas substâncias, produzida pelo fígado; fibrinogênio, relacionada ao processo de coagulação sanguínea, também produzida pelo fígado; imunoglobulinas ou anticorpos, relacionadas ao mecanismo de defesa corporal, produzidas pelos plasmócitos. O termo soro é utilizado para designar o plasma sem fibrinogênio. Nesse caso, o plasma perde a capacidade de coagulação sanguínea, facilitando-lhe o armazenamento em bancos de sangue (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013; TORTORA, Gerard et al, 2012).
      Os elementos celulares sanguíneos – eritrócitos, leucócitos e plaquetas, originam-se de uma célula-tronco pluripotente. As células-tronco embrionárias estão presentes no saco vitelínico durante o período de desenvolvimento do embrião. Designada hemangioblastos, ou seja, células capazes de dar origem a vasos sanguíneos (angioblastos) e a célula do sangue, ou células hematopoéticas. Numa fase posterior, estas últimas caem na circulação e instalam-se no fígado, no início do período fetal da hematopoese e depois no baço e na medula óssea. Essa fase divide-se em três períodos: (1) período embrionário, inicia-se entre a quinta e a sétima semana de vida do embrião; (2) período hepatoeplênico, vai do quarto ao sexto mês, e (3) período medular. Após estes períodos a hematopoese tem lugar apenas na porção esponjosa dos ossos (LORENZI, T. F. Hematologia, 2006).

Os eritrócitos ou hemácias são as células mais numerosas do sangue tendo a sua principal função o transporte de oxigênio e gás carbônico (Figura 2). O transporte dos gases é feito pela hemoglobina, por meio de ligações químicas. As hemácias contêm a enzima anidrase carbônica, que acelera a reação da água com o dióxido de carbono, para a eliminação pelos pulmões. A hemoglobina também funciona como um sistema de tampão adicional no restabelecimento do equilíbrio ácido-básico do organismo. As hemácias são células anucleadas e tem a forma de um disco bicôncavo, com um excesso de membrana, em relação ao conteúdo celular. A membrana em excesso permite à hemácia alterar a sua forma na passagem pelos capilares, sem sofrer distensão ou ruptura. A forma bicôncava da hemácia permite a existência de uma grande superfície de difusão, em relação ao seu tamanho e volume. A hemácia circulante anucleada, seu diâmetro médio é de aproximadamente 8 µ e a espessura é de 2 µ na periferia e cerca de 1 µ na sua porção central. A quantidade de hemácias no sangue varia com o sexo. No homem adulto normal, sua concentração é de aproximadamente 5.200.000 por mililitro de sangue, enquanto na mulher normal é de 4.800.000 (LAURALEE, S. Fisiologia, 2011; JUNQUEIRA L. C. et al, 2013).

                  
Figura 2. Microscopia eletrônica de varredura de hemácias no interior de um vaso do tendão calcâneo de rato. Fonte: Imagem de autoria de Diego Pulzatto Cury e premiada no III concurso de imagens em Ciências da vida do Instituto de Ciências Biomédicas da USP.

Os leucócitos, também são chamados de glóbulos brancos, são as principais células de defesa do organismo (Figura 3). Existem duas categorias de leucócitos: granulócitos e agranulócitos (TONTORA; DERRICKSON, Anatomia, 2012). Os granulócitos têm núcleo de forma irregular e ao microscópio eletrônico, mostram no citoplasma grânulos específicos que aparecem envoltos por membrana, de acordo com a afinidade tintorial dos grânulos específicos, distinguem-se três tipos: neutrófilos, eosinófilos e basófilos. O núcleo dos agranulócitos tem forma mais regular e o citoplasma não tem granulações, há dois tipos: os linfócitos e os monócitos (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013; COMARCK D.H. 2003).

 
Figura 3. Tipos de leucócitos. Fonte: Imagem obtida em www.nurselabs.com em 14/07/2018.

Os neutrófilos são células de formato ameboide que agem contra bactérias através de processos de fagocitose, são as células de defesa mais abundantes, são as primeiras a chegar ao local da infecção. Durante sua atividade, neutrófilos e bactérias em grande quantidade acabam morrendo, a mistura entre os dois forma o pus; o leucócito morto já em decomposição é chamado de piócito. Os neutrófilos ao se esgotarem, costumam se suicidar por autólise, quando rompem as suas membranas lisossômicas. Estas enzimas se espalham nas áreas infectadas, matando também um grande número de bactérias (TORTORA; et al. Anatomia, 2012; LAURALEE S. 2011).

Os eosinófilos são células com a função de eliminação de parasitas, como protozoários e vermes. Tanto a proteína catiônica quanto a proteína básica principal tem atividades antibacteriana e antiparasitária. A peroxidase esta envolvida na geração de espécies reativas de oxigênio, um mecanismo importante de defesa. No entanto, essas proteínas quando liberadas são também capazes de promover dano tecidual (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013; COMARCK D. H. 2003).

Os basófilos são células com a função de produção e acúmulo de mediadores da inflamação, principalmente a histamina, relacionada ao processo alérgico. São os leucócitos menos abundantes do sangue, correspondem a cerca de 0,5 a 1% dos mesmos (TORTORA; DERRICKSON, 2012; GANTNER et al. 2007).

Os monócitos são células que agem contra bactérias através de processos de fagocitose. Tem a melhor capacidade fagocítica do organismo; capazes de reconhecer o agente agressor e combatê-lo da melhor maneira possível. Além disso, secretam quimiocinas que atraem outros leucócitos. Correspondem cerca de 3 a 8% dos leucócitos do sangue (TORTORA; DERRICKSON, 2012; JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013).

Os linfócitos são células esféricas com núcleo grande ocupando quase todo o citoplasma. São dois os tipos, T e B. Os linfócitos T e B estão presentes no sangue circulante em porcentagem que varia de 20% a 30%. Originam-se de células indiferenciadas situadas na medula óssea e no timo, passando por poucas fases intermediarias de amadurecimento, são semelhantes morfologicamente, mas diferem funcionalmente. Aquelas que se originam na medula óssea são denominadas linfócitos B e os que se formam no timo linfócitos T, ou timo-dependentes. Os linfócitos T são encarregados da função de imunidade celular, e os linfócitos B se encarregam da imunidade humoral, ou seja, são produtores de anticorpos. Essas células compõem o sistema imune, atuando na resposta á invasão do organismo por agentes estranhos, ou antígenos invasores (LORENZI T. Hematologia, 2006; TORTORA et al. 2007; JUNQUEIRA et al. 2013).



      Por último temos as plaquetas, que são fragmentos de células gigantes, os megacariócitos, formam-se na medula óssea (Figura 4). Elas mostram o formato de discos diminutos arredondados, e na realidade, não representam células e sim corpúsculos celulares. Os megacariócitos têm partículas em plaquetas, que são liberadas na circulação sanguínea. As plaquetas são anucleadas; seu diâmetro médio é de 1,5 µm e a espessura varia de 0,5 a 1 µm. As plaquetas são de grande importância nos processos de homeostasia e coagulação do sangue. Durante a lesão do endotélio de um vaso sanguíneo, as plaquetas são impulsionadas a aderir ao local da lesão e ligam-se umas às outras. Ao mesmo tempo liberam substâncias que ativam outras plaquetas possibilitando a formação de grumos plaquetários, que bloqueiam o local da lesão do vaso e, em última análise, possibilita a interrupção da perda sanguínea. Essa é a principal função das plaquetas no fenômeno de hemostasia. Além disso, as plaquetas participam ativamente da cascata da coagulação do sangue, liberando várias proteínas e lipoproteínas que ativam alguns fatores de coagulação (JUNQUEIRA; CARNEIRO).

Figura 6. Megarócito.  Fonte: biomedicinapadrao.com.br.
, 2013; COMARCK D. H. 2003).



Figura 4. Megacariócito sofrendo brotamento e dando origem as plaquetas. Fonte: Desconhecida.

REFERÊNCIAS

REVISTA ÉPOCA – Edição 214, 24 de junho de 2002. Americanos encontram células adultas que dão origem a qualquer outra. Disponível em: Link: http://epoca.globo.com/nd/20020623ct_e.htm
VIGORITO, AC; SOUZA, CA. Transplante de células-tronco hematopoéticas e a regeneração da hematopoese. Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia. v.2009.
TORTORA, Gerard J.; DERRICKSON. Corpo humano: fundamentos de anatomia e fisiologia. 8 ed. Porto, 2012.
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica: Texto & Atlas. Ed. Guanabara Koogan, 2013.
CORMACK, David H. Fundamentos de Histologia: 2 edição. Ed. Guanabara Koogan, 2001.
THEREZINHA, Ferreira. L. Atlas de Hematologia: Clínica hematológica ilustrada. Ed. Guanabara Koogan, 2006.
GANTNER, Leslie P.; HIATT. Tratado de Histologia em cores: tradução 3 edição. Ed. Elsevier 2007.
JUNQUEIRA, L. C.: CARNEIRO, J. Biologia celular e molecular. Ed. Saraiva, 8 edição, 2005.
E-book: AUGUSTO, S. Rodrigo; Anatomia básica: Morfologia funcional perda de sangue. Medbook LTDA.


sexta-feira, 13 de julho de 2018

Tecido Ósseo




            Tecido ósseo não é sinônimo de osso. O tecido ósseo é um tecido conjuntivo caracterizado pela rigidez e dureza e é o principal constituinte do esqueleto. Devemos lembrar que os ossos são órgãos e são formados por vários tipos de tecidos. Os ossos protegem órgãos vitais, servem de suporte para o corpo, protegem e alojam a medula óssea, transforma contrações em movimentos e funcionam como depósitos de cálcio, fosfato e outros íons. O tecido ósseo é formado por células e matriz extracelular, sendo muitas das funções do tecido atreladas a matriz óssea. Os ossos também funcionam como alavancas para os músculos esqueléticos fixados a eles, contribuindo no processo de movimentação dos músculos (GARNET et al, 2007).

          A matriz óssea é composta por uma fração inorgânica que representa cerca de 50% do peso do peso da matriz óssea e confere rigidez e resistência ao osso. A matriz inorgânica contém em sua composição vários minerais, tais como íons fosfato, cálcio, bicarbonato, magnésio, potássio, sódio e citrato. Os íons de bicarbonato, o magnésio, o potássio, o sódio e citrato são encontrados em menor quantidade na matriz inorgânica. Em contrapartida, os íons fosfato e íons de cálcio são encontrados em maior abundância (GARNET et al, 2007; JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013).

            Além dos componentes inorgânicos, a matriz óssea possui uma fração orgânica que confere flexibilidade ao osso. A matriz orgânica é composta por fibras colágenas (95%), constituídas de colágeno tipo I e por pequenas quantidades de proteoglicanos e glicoproteínas. O tecido ósseo é considerado a parte de maior resistência e sustentabilidade para a estrutura do corpo. A junção dos cristais de hidroxiapatita com colágeno faz com que o tecido ósseo tenha uma maior dureza e resistência. Devidos a descalcificação ou seja remoção de cálcio do osso, ele se torna flexível, podendo até ser dobrado e mais mesmo assim não perde sua forma original. Mas quando é retirada o componente orgânico do osso, o esqueleto continua na sua forma original, porém mais frágil e quebradiço (GARNET et al, 2007). Além da matriz óssea, no tecido ósseo encontramos três tipos celulares bem característicos. São eles:

          Osteoblastos – São células com intensa atividade sintética responsáveis pela síntese a parte orgânica (colágeno tipo I, proteoglicanos e glicoproteínas) da matriz óssea e também participa da mineralização da matriz, através da capacidade de concentrar cálcio e fosfato. São mais encontradas em ossos que estão em formação, no período do crescimento ósseo ou nos processos de regeneração óssea (Figura 1).

          Osteócitos – São originados de osteoblastos em um estado pouco ativo que foram aprisionados pela matriz recém-sintetizada. Morfologicamente são células achatadas, que exibem pequena quantidade de retículo endoplasmático rugoso, complexo de Golgi pouco desenvolvido e núcleo com cromatina condensada. São encontrados em ossos já formados, tem uma pequena atividade na manutenção dos componentes da matriz. Eles se encontram em lacunas dentro da matriz extracelular (Figura 1).

          Osteoclastos - São células gigantes, multinucleadas, com inúmeras projeções e com motilidade. Esse tipo celular é responsável pela reabsorção do tecido ósseo e é de fundamental importância na remodelação óssea destruindo as áreas lesadas ou envelhecidas da matriz óssea (Figura 1).


Figura 1. Tipos celulares presente no tecido ósseo. Fonte: Adaptado de imagem extraída do site www.brainly.con.br/tarefa/7835814. Acessado em: 13 de Julho de 2018.


        As superfícies interna e externas dos  ossos são recobertas por tecido conjuntivo e células osteogênica que constituem o endósteo e o periósteo respectivamente. As fibras de colágenos e fibroblastos se encontram na camada mais superficial do periósteo. No periósteo apresentam-se células osteoprogenitoras que se multiplicam através de mitose e são fundamentais no crescimento dos ossos e reparação de fraturas (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013).

          O endósteo é formado por células osteogênicas, reveste a cavidade medular, osso esponjoso e canalículos. O endósteo e o periósteo nutrem o tecido ósseo e fornece novos osteoblastos para ajudar no crescimento e na recuperação óssea (Figura 2).





Figura 2. Representação da localização das camadas periósteo e endósteo. Fonte: JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013.
        

            Há dos tipos de tecido ósseo: primário (imaturo) e secundário (maduro). Esses dois tipos se assemelham em relação aos componentes celulares e a matriz óssea. O tecido primário aparece primeiramente, e no desenvolvimento embrionário ou reparação de fraturas, ele é temporário e substituído pelo tecido secundário.  É formado por fibras de colágenos dispostas irregularmente, minerais em menor quantidade e osteócitos em maior proporção. É encontrado nas áreas de formação e reparo ósseo. Forma-se através de ossificação intramembranosa e aparece devido à diferenciação de células de tecido conjuntivo em osteoblastos. O tecido secundário possui fibras colágenas dispostas em lamelas ou ficam paralelas umas as outras (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013). Dispõe-se em camadas concêntricas ao redor de canais com vasos, formando os canais de Havers ou Ósteons (Figura 3).



Figura 3. Esquema que mostra parte de um sistema de Havers e dois osteócitos (esquerda). Nas lamelas contíguas do sistema de Havers, as fibras colágenas são cortadas segundo diferentes incidências, porque têm diferentes orientações (embora isso não apareça claramente neste diagrama simplificado). Fonte: JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013.


          Existem dois tipos de processos pelo qual o tecido ósseo pode se formar. O primeiro é conhecido como ossificação intramembranosa e ocorre quando o osso se forma diretamente do mesênquima e é característico em ossos achatado e laminados (Figura 4). Este tipo de ossificação ocorre no interior de membranas de tecido conjuntivo e o local inicial da membrana onde ocorre a ossificação é conhecido como centro de ossificação primária. O processo começa com a diferenciação de células-tronco mesenquimais  em osteoblastos que sintetizam o osteoide (matriz orgânica ainda não mineralizada), que logo se mineraliza e envolve alguns osteoblastos que irão se torna osteócitos. O outro tipo ocorre a partir de um molde de cartilagem hialina já existente e conhecido como ossificação endocondral , ou seja, o tecido cartilaginoso vai aos poucos substituído por  tecido ósseo ocorre nos fetos e nas extremidades dos ossos longos (Figura 5). A ossificação endocondral tem sua gênese em um molde de cartilagem do tipo hialina, com a hipertrofia de condrócitos, redução da matriz cartilaginosa a finos tabiques e mineralização do tecido seguido de apoptose dos condrócitos. Em seguida, as cavidades são invadidas por capilares sanguíneos e células osteogênicas do tecido conjuntivo adjacente. As células osteogênicas irão se diferenciar em osteoblastos, que irão secretar matriz óssea sobre os tabiques de cartilagem calcificada (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013).




  Figura 4. Representação do processo de ossificação intramembranosa. Fonte: JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013.




  Figura 5. Formação de um osso longo a partir de um modelo cartilaginoso. Fonte: JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013.
 

Referências

GARNET, L.P. et al. Tratado de Histologia em cores. Tradução: Thais Porto Amadeu. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
JUNQUEIRA L.C.; CARNEIRO, J. Histologia Básica- texto e atlas. 12 . ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.
DELGADO, Leonardo. ‘’Anatomia Humana I‘’, Pólo de Barra do Corda/MA, 2010. Disponível em: https://pt.slideshare.net/gagaufera/aula02-osteologia Acesso em: 19 abril 2018
GARTNER, Leslie P., HIATT, James L. Tratado de Histologia em cores. 3 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. 576 p. JUNQUEIRA, Luiz Carlos, CARNEIRO, José. Histologia Básica. 11 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008. 524 p.



quinta-feira, 19 de abril de 2018

Tecido Epitelial Glandular


O tecido epitelial glandular é originado a partir de células epiteliais de revestimento. Estas deixam a superfície à medida que proliferam e migram para o tecido conjuntivo subjacente, produzindo uma lâmina basal associada durante essa migração. À medida que as células epiteliais se aprofundam no tecido conjuntivo, diferenciam-se e se associam em unidades secretoras ou porções secretoras glandulares. As unidades secretoras, juntamente com seus ductos associados, formam o parênquima da glândula, enquanto os elementos do tecido conjuntivo que sustentam o parênquima formam o estroma da glândula (GARTNER et al., 2007; OVALLE; NAHIRNEY; NETTER, 2014).

Figura 1. Representação da formação de glândulas a partir de epitélios de revestimento. Fonte: JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013.

No tecido glandular, as células são especializadas para a síntese, armazenamento e eliminação de substâncias, isto é, para desempenhar atividade secretora. As células epiteliais glandulares sintetizam seus produtos de secreção no retículo endoplasmático e os produtos são acondicionados em vesículas que são revestidas de acordo com o tecido em que estão inseridas (STANDRING, 2010; JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013; GARTNER et al., 2007).
O produto de secreção pode ser um hormônio polipeptídico (p. ex., produzido pela glândula hipófise); uma substância oleosa (p. ex., produzido pelas glândulas ceruminosas do meato acústico externo); proteínas (p. ex., produzido pelo pâncreas); lipídios (p. ex., produzido pelas glândulas adrenal e sebácea); complexos de carboidrato e proteínas (p. ex., produzido pelas glândulas salivares); ou o leite, uma combinação de proteínas, lipídios e carboidratos produzidos pelas glândulas mamárias (STANDRING, 2010; JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013; GARTNER et al., 2007).

As glândulas são classificadas como endócrinas ou exócrinas, tendo como base o método de distribuição de seus produtos de secreção (GARTNER et al., 2007).

Glândulas exócrinas liberam suas secreções através de ductos sobre uma superfície que pode ser a pele ou o lúmen de um órgão oco. Elas são classificadas pelo tipo de secreção liberada, pela estrutura da glândula e pelo modo de secreção. As glândulas exócrinas, que podem ser tanto unicelulares como multicelulares, secretam substâncias como o suor, que ajuda a diminuir a temperatura da pele, além de gordura, cerume, saliva ou enzimas digestivas (STANDRING, 2010; GARTNER et al., 2007; TORTORA;  DERRICKSON, 2016).

Figura 2. Exemplo de glândula exócrina. Fonte: TORTORA; DERRICKSON, 2016.

As glândulas exócrinas podem ser categorizadas de acordo com a natureza da secreção produzida:
Glândulas serosas secretam uma solução aquosa que geralmente contém enzimas, como a amilase salivar (na saliva).
Glândulas mucosas secretam glicoproteínas denominadas mucinas que absorvem água para formar um muco viscoso, como o muco da saliva.
Glândulas mistas também chamadas de glândulas anfícrinas contêm mais de um tipo de célula glandular e podem produzir dois tipos diferentes de secreções exócrinas: serosa e mucosa. (p. ex. glândula salivar submandibular) (MARTINI, TIMMONS; TALLITSCH, 2009; GARTNER et al., 2007).

Figura 3. Exemplo de glândula salivar submandibular que é uma glândula mista contendo células que produzem secreções, tanto serosa quanto mucosa. Fonte: MARTINI, TIMMONS; TALLITSCH, 2009.

Glândulas endócrinas são glândulas que não possuem ductos, pois perdem suas conexões com o epitélio de origem, liberam suas secreções diretamente no líquido intersticial, e daí para o sistema circulatório. Essas secreções, são chamadas de hormônios, e espalham-se para o sangue para serem distribuídas a outras regiões do corpo, onde regulam ou coordenam as atividades de vários tecidos, órgãos ou sistemas de órgãos para a manutenção da homeostasia. As principais glândulas endócrinas do corpo incluem as suprarrenais (ou adrenais), a hipófise, a tireoide, as paratireoides e a glândula pineal (ou epífise), além dos ovários na cavidade pélvica, os testículos no escroto e o timo na cavidade torácica (STANDRING, 2010; GARTNER et al., 2007; TORTORA; DERRICKSON, 2016). Além das glândulas estritamente epiteliais, alguns tecidos derivados do sistema nervoso, incluindo a medula suprarrenal e a neuro-hipófise, são neurossecretórios. (STANDRING, 2010)

Figura 4. Exemplo de Glândula Endócrina. Fonte: TORTORA; DERRICKSON, 2016
.
As glândulas podem dispor de três métodos para liberação de suas secreções: merócrina, apócrina ou holócrina.
Nas glândulas merócrinas (p. ex., o pâncreas, a glândula salivar parótida) a secreção acumulada em grãos de secreção é liberada pela célula por meio de exocitose, sem perda de outro material celular (MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009; JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013; GARTNER et al., 2007).
Nas glândulas holócrinas (p. ex., as glândulas sebáceas) o produto de secreção é eliminado juntamente com toda a célula, este método envolve a destruição das células repletas de secreção. A continuidade do processo de secreção envolve a substituição dessas células por divisão mitótica de células-tronco subjacentes (MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009; JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013).
Um tipo intermediário é a secreção apócrina, encontrada na glândula mamária, em que o produto de secreção é liberado junto com pequenas porções do citoplasma apical (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013).

Figura 5. Mecanismos de secreção glandular. (a) secreção merócrina, (b) secreção apócrina, (c) secreção holócrina. Fonte: MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009.

Por último as glândulas podem ser classificadas com base no número de células (unicelulares ou multicelulares). Como o nome indica, as glândulas unicelulares são glândulas formadas por uma única célula. Esse tipo de glândula secreta mucina. Existem dois tipos de glândulas unicelulares, células caliciformes e células mucosas, que são encontradas dispersas entre outras células epiteliais. Por exemplo, células mucosas são encontradas no epitélio colunar pseudoestratificado ciliado que reveste a traqueia, enquanto o epitélio colunar dos intestinos grosso e delgado contém células caliciformes em abundância.
A maior parte das glândulas exócrinas são glândulas multicelulares, compostas por muitas células secretoras arranjadas em vários graus de organização. Estas células secretoras não atuam sozinhas e de forma independente, mas funcionam como órgãos secretores. Exemplos incluem as glândulas sudoríparas ou sudoríferas (suor), sebáceas (gordura) e salivares. As glândulas exócrinas multicelulares mais simples são denominadas lâminas secretoras. Em uma lâmina secretora, células glandulares predominam no epitélio e liberam suas secreções em um compartimento interno. As células secretoras de muco que revestem o estômago são um exemplo de lâmina secretora (GARTNER et al., 2007; TORTORA; DERRICKSON, 2016; MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009)
As glândulas multicelulares são classificadas de acordo com dois critérios:
(1) Se seus ductos são ramificados ou não ramificados: se o ducto da glândula não se ramifica, ela é uma glândula simples. Se o ducto se ramifica, ela é uma glândula composta e ele se ramifica repetidas vezes.

(2) Pelo formato das porções secretórias da glândula: quando são constituídas por células organizadas em tubos são denominadas tubulares; já as constituídas por células agrupadas em bolsas em fundo cego são denominadas alveolares ou acinares. Glândulas que apresentam ambas as organizações combinadas são denominadas tubuloalveolares ou tubuloacinares (MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009; TORTORA; DERRICKSON, 2016).


Figura 6. A classificação estrutural das glândulas exócrinas multicelulares é baseada no padrão de ramificação do ducto e no formato da porção secretória. Fonte: MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009; TORTORA; DERRICKSON, 2016.


 Referências

  1. Andrade JS, Mangussi-Gomes J, Rocha LA, Ohe MN, Rosano M, Neves MC, et al. Localization of ectopic and supernumerary parathyroid glands in patients with secondary and tertiary hyperparathyroidism: Surgical description and correlation with preoperative ultrasonography and Tc99m-Sestamibi scintigraphy. Braz J Otorhinolaryngol. 2014. v. 80, n. 1, p.29-34.
  2. CAMILLO, Christina da Silva. [et al.]. Caderno de Histologia: Texto e Atlas. Natal, RN: EDUFRN, 2017. 118 p. [E-book]. Disponível em: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/23256?locale=en. Acessado em: 27 Mar. 2018.
  3. GARTNER, L.P. et al. Tratado de Histologia em Cores. Tradução: Thaís Porto Amadeu. Rio de Janeiro: 3. ed. Guanabara Koogan, 2007. 1308p.
  4. JUNQUEIRA, L.C.; CARNEIRO, J. Histologia Básica – texto e atlas.
  5. 12. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013, 556p.
  6. MARTINI, Frederic H.; TIMMONS, Michael J.; TALLITSCH, Robert B. Anatomia Humana. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. 904 p. Tradução: Daniella Franco Curcio.
  7. OVALLE, William K.; NAHIRNEY, Patrick C.; NETTER, Frank Henry. Netter bases da histologia. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. 536p.
  8. SOUZA, Daniel Santos; MEDRADO, Leandro; GITIRANA, Lycia de Brito. Histologia. In: MOLINARO, Etelcia; CAPUTO, Luzia; AMENDOREIRA, Regina (Org.). Conceitos e Métodos para a Formação de Profissionais em Laboratórios de Saúde: Volume 2. Rio de Janeiro: EPSJV; IOC, 2010. p. 43-88. E-book. Disponível em: <http://www.epsjv.fiocruz.br/sites/default/files/capitulo_2_vol2.pdf>. Acesso em: 27 mar. 2018.
  9. STANDRING, Susan (Ed.). Gray´s Anatomia. 40. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. 1584 p. Tradução: Denise Costa Rodrigues. et. al.
  10. TORTORA, Gerard J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de anatomia e fisiologia. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. 1600p. Tradução: Ana Cavalcanti C. Botelho [et al.].